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..:: a menina que me fez ir

Ontem, em um almoço "familiar", eu passava quando uma menina me abraçou pela barriga, me olhou com uma ternura que, unida a uma nova frase, me fez embarcar em um interessante túnel do tempo: "Eu te conheci no Shekinah, Lathife. Fiquei com o pé machucado, e você foi cuidar de mim. Lembro de você com o celular, ligando pra falar do seu joelho. Sempre lembrei que te conheci ali, quando você foi cuidar de mim".
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmm

Era novembro de 2005, e estávamos em um acampamento. Aqueles dias caracterizavam uma novidade para mim. O quadro se pintava no sítio Shekinah. Apesar de ser acampamento, eu estava em um quarto de jovens. Nenhuma responsabilidade com os adolescentes. Na minha transição da adolescência para a juventude, trabalhei com os adolescentes da igreja. Ali, naquele sítio diferente, com quartos menores e mais conforto, eu me via sem responsabilidades com aqueles que tinham tomado tanto do meu tempo, da minha atenção, e com quem tinha vivido uma intensa corrente de amor (de ida e volta constantes). Não dormia no quarto de adolescentes, não era orientadora deles, não ficava em grupos de estudo-bíblico com eles. A convivência era prazerosa, mas, eu estava em transição. Para completar as tintas, tive uma forte dor nos joelhos, que trouxe um incômodo inchaço.

Apesar dessa transição e da dor, certa noite ouvi que uma menina tinha machucado o pé. Não me importou nada: nem meu quarto mais confortável, nem a minha falta de cargos que me ligassem aos adolescentes, muito menos a dor. Eu fui atrás dela. Fui e cuidei dela. Não importava nada mais ali: era uma menina que precisava dos meus cuidados.

O tempo passou e aqueles dias ficaram guardados em fotos e histórias. Mas, aquela menina adormeceu na minha lembrança. Como se ao parar de sentir dor, ela tivesse saído do meu convívio. Mas, então, o que essa menina estaria fazendo em um almoço familiar, tantos anos depois? Porque ela teve a intimidade de me abraçar pela barriga?
Oras, porque ela é a "Barriguinha"! Ali eu vi a Simone me olhando com ternura, e me remetendo a uma lembrança muito boa. A lembrança de uma força boa dentro de mim. Achei até estranha essa sensação de uma bondade recordada. Lembrei de mim com alegria. Alegria pela minha disponibilidade, e por eu ter atendido o chamado de Deus para ajudar aquela menina - afinal, ela não tinha culpa da dor, e precisava deixar de sentí-la.
Ontem fiquei feliz porque aquela menina deixou de sentir dor. Como eu fiquei feliz!
Não sei como minha mente separou a Simone da menina com dor daquela noite de transição. Mas, a Simone continuou. E está cada vez mais próxima, graças a Deus! Se tornou minha "Barriguinha". Tem graça, bossa, faz barulho, tem cheiro bom, é íntima, de casa, do batuque e da praia. Diz o que quer, sabe se impor, tem personalidade. Mas, ontem, ela me olhou com olhos de ternura, e me fez ver que a menina da minha intimidade é a mesma menina que sentiu dor láááá longe. E o melhor: a dor passou, e ela continuou aqui: seguindo junto, no mesmo cuidado do coração.

Louvado seja Deus!!

3 registraram seu vôo por aqui:

Janaina disse...

Amém.
Ai que post lindo. Adorei, adorei, adorei.

. fina flor . disse...

quando criança sempre quis ir nesses acampamentos, mas minha mamis não deixava, rs*

beijos, flor e boa semana

MM.

Anônimo disse...

Estava com saudades de ler seus posts tão cheio de sentimentos.
Adorei.
Bjos,
Ly